O professor Franscico Pedro Jucá, ao analisar os problemas do Judiciário diz:
“o primeiro deles [dos problemas] é de gestão, que diz respeito à mentalidade interna, e se constitui em processo em longo prazo, passando pela formação de gestores no Judiciário e, mais do que isto, fornecimento de instrumentos para tornar a gestão mais eficiente.”*
Os operadores do direito não tem a visão estratégica e o conhecimento técnicos administrativos dos quais necessita o Judiciário para sua eficiente atuação; em sua vida acadêmica não são treinados para enfrentar problemas de gestão.
Para tanto, há que se alterar a mentalidade corporativista para que sejam introduzidas carreiras destinadas a administradores.
A gestão do poder judiciário deve ser entregue àqueles que especializaram-se em carreiras administrativas, podendo estarem ou não vinculados a carreiras jurídicas também.
Essa carreiras administrativas devem ser submetidas a admissão mediante concurso público, com critérios objetivos que beneficiem aqueles que tem conhecimento e experiência em gestão.
Deve-se lembrar, é claro, que urge a necessidade de informatização do Judiciário, e que para isso não é necessário somente recursos materiais, mas a eficiente aplicação destes e também a capacitação dos servidores públicos e dos próprios magistrados e advogados.
A informatização de procedimentos burocráticos e ultrapassados – sem que haja transformação do sistema de funcionamento da máquina judiciária – representará uma mudança apenas superficial que não renovará a mentalidade arcaica desses procedimentos.
Toda essa alteração estrutural deve ser elaborada em termos administrativos, propiciando uma administração da máquina judiciária de forma eficiente e moderna, que se afaste do pensamento conservador.
O conteúdo legal do trabalho dos juízes deve ser amparado por uma estrutura que possibilite a agilidade do trâmite processual.
Administradores podem indicar a maneira mais ágil e eficiente de protocolar processos, realizar consultas, fazer despachos com os juízes e todas as demais ações praticadas cotidianamente dentro de um fórum que não requerem a atuação direta do magistrado.
Desde a visualização das pautas diárias até a distribuição de funções aos servidores públicos, todas as funções internas podem ser aperfeiçoadas por uma visão estrategista.
A gestão ineficiente do Poder Judiciário acarreta inúmeros prejuízos à prestação jurisdicional. Uma plano administrativo que contornasse as deficiências materiais e humanas pode mudar drasticamente a prestação de serviço jurisdicional.
A instituição deve ter sua estrutura otimizada, e nisso uma visão administrativa que atribua claramente cada função exercida dentro do órgão judiciário ajuda a compor uma estrutura sistematizada, não burocrática, que tenha objetivos bem definidos.
Equiparar o Poder Judiciário, portanto, a um empreendimento administrativa, com as devidas ressalvas, não somente pode dar mais agilidade interna aos seus processos burocráticos como também sistematiza-los de forma organizada.
A adoção de especialistas em administração resultaria em uma utilização otimizada dos recursos orçamentários já existentes, e melhor negociação de maiores verbas orçamentária, mediante a apresentação de planos estruturados que, implantados, dariam mais eficiência ao Judiciário.
Para isso, deve-se separar as atribuições jurisdicionais das atribuições administrativas, e realizar concursos públicos que visem perfis de candidatos diferentes para cada função, desvencilhando os magistrados do controle totalitário do interior do fórum.
* Jucá, Francisco P. In Reforma do Judiciário: analisada e comentada. São Paulo: Método, 2005. pág.19.
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