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Office-elders

Fazia tempo eu não ia ao Fórum Trabalhista de São Paulo. Lá me deparei com longas filas... pra ser exata, na realização de um procedimento, esperei 4 horas até ser atendida, tempo esse dividido em três filas. Um absurdo!
Foi então que um colega advogado chamou minha atenção para a nova modalidade de "office-boy" que se instalou no Fórum: são os idosos agora que fazem o serviço que antes era executado pelos garotos.
Aproveitando-se da lei que dá prefêrencia ao idoso em filas, os idosos são contratados pelos escritórios para executar os serviços burocráticos. Com o benefício, passam na frente de todos os outros para resolver problemas que não são deles. Advogados com mais idade também fazem o mesmo.
Não discuto que a lei exista, mas, além do texto da lei, também devemos interpretar a lei, buscando sentido naquilo que o legislador escreveu.
A lei foi feita para privilegiar o idoso que atua em seu próprio benefício, não em benefïcio de outros.
Seria o mesmo que mandar sua vó pagar a conta do seu vizinho no banco para que o vizinho não pegue a fila.
Tenho certeza que há quem concorde com isso, mas também sei que não foi nessa situação que o legislador pensou quando concedeu o benefício aos idosos.
Pra constar: eu não concordo, eu não mandaria minha vó ao f'orum resolver problemas que não são dela.
De qualquer forma, não é justo - no sentido de justo como aquilo que deve ser igual pra todos - que os guichês públicos sejam tomados por idosos a serviço de outras pessoas, prolongando a fila indefinidamente, atrapalhando a prestação de serviço de todos.
Na realidade, todo mundo demora mais. O idoso enfrenta uma "fila especial" maior do que o normal, e os demais são constantemente postergados para dar preferência ao atendimento ao idoso.
Caberia a administração do fórum tomar providências: primeiro, exigir documento que comprove a idade - o que nunca é feito; e principalmente, limitar o atendimento preferencial àqueles que vão tratar dos próprios assuntos.
"Bobagem", você dirá, diante de tantos problemas maiores. Pois é, e também é tão simples de resolver. Quem terá iniciativa suficiente para resolver os pequenos problemas? E os grandes?

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